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sexta-feira, 29 de abril de 2011

UMA BELA HOMENAGEM E UM OUTRO OLHAR SOBRE O SUBÚRBIO CARIOCA



Por causa de uma postagem no blog Ruas do Rio (ruasdorio.blogspot.com) sobre Marechal Hermes , fiquei sabendo da existência desse livro. Resolvi me dar de presente e hoje terminei a leitura dessa bela compilação de textos que traz um novo olhar histórico e geográfico sobre o subúrbio carioca.

O subúrbio carioca apesar de sua enorme relevância para a construção da identidade dessa cidade, é deixado bastante de lado nos estudos acadêmicos, além da mídia em geral. Esse livro tenta começar a suprir essa lacuna. O último livro que eu havia lido (na verdade, o único) que tinha o subúrbio do Rio de Janeiro como tema central é o ótimo Guimbaustrilho do Nei Lopes, lançado com apoio da Prefeitura. Na apresentação do livro, é lembrado que as favelas do Rio de Janeiro são muito mais retratadas na literatura, cinema e nos trabalhos acadêmicos do que essa região enorme da cidade, que ainda é estigmatizada e retratada de forma caricata.

Por ser uma compilação de textos de diversos autores, o livro traz abordagens bastante diferenciadas, porém todas muito relevantes: a diferença do subúrbio carioca para as periferias do país e dos subúrbios dos EUA e da Europa, a produção jornalística e cultural específicas do subúrbio carioca, a discrepância entre os investimentos e os serviços públicos com relação a Zona Sul da cidade, a forma como o homem suburbano é retratado, de maneira inferior, na teledramaturgia.

Como maior destaque, elejo os capítulos que tratam da formação dos bairros de Marechal Hermes e de Bangu. É relevante entender que esses dois bairros foram pioneiros na sua formação e serviram de modelo para outras formas de ocupação, não só na cidade do Rio como no restante do país. O primeiro através de uma política federal e o segundo através da iniciativa privada da Fábrica de Tecidos que levava o nome do bairro.

O capítulo que mais mexeu comigo foi o "estudo de caso" de Quintino. Trata da divisão que é causada pelo corte da linha férrea, onde os bairros passam a ter dois lados, ao invés de criar um sentimento de unidade do bairro. Isso foi bastante presente na minha infância vivida em Campo Grande, onde discutíamos se o lado onde cada um morava era melhor que o do outro.

Além disso joga luz sobre o problema das ruas que são coladas a linha do trem que são geralmente áreas degradadas e mal-iluminadas e onde poderia se ter muita vida útil nos bairros, mas é abandonada pelo poder público.

Enfim, 150 anos de subúrbio carioca é uma ótima leitura, fácil, agradável e de bastante relevância para quem se interessa em entender a formação da nossa querida São Sebastião do Rio de Janeiro, que sem o seu subúrbio seria bastante diferente e , sem dúvida menos divertida e bela.

1 comentários:

  1. Vou comprar só pra saber o que o livro fala de Vila Isabel, terra a qual o trem só tangencia e que até tinha fábrica de tecido mas que fica tão longe de Campo Grande e tão perto do centro que mais parece zona sul...

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