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terça-feira, 24 de maio de 2011

UM LÍDER NEGRO

Vou usar esse cantinho aqui para prestar homenagem a esse brasileiro maiúsculo que foi Abdias do Nascimento (1914-2011).

Conheci a figura de Abdias numa audiência pública surreal sobre cotas na UFRJ. Eu ainda era garoto novo na Universidade, e a época contrário às cotas, principalmente por ter sido "prejudicado" no vestibular para a UERJ. O debate foi acalorado e lá pelas tantas, entrou um grupo contra cotas fazendo uma baderna, desrespeitando debatedores e platéia. No mesmo momento, os alunos da Educafro (ONG de Frei David) começaram a bater boca com os "manifestantes".

No meio da balbúrdia, tinha a figura de Abdias, com um discurso coerente; contrapondo ao esquizofrenismo de Frei David e também do palestrante contra cotas (não, não era o Ali Kamel); que fez cosquinhas na mente do jovem estudante que depois com estudo e com a vida passou a defender as cotas raciais (com corte de classe) como um instrumento de avanço para a diminuição das desigualdades.

Abdias teve alguns vacilos em sua longa trajetória, chegou a fazer parte do Integralismo de Plínio Salgado, movimento de direita e ultra-nacionalista. Além de ter defendido o socialismo-moreno de Darcy Ribeiro. Mas os acertos: a lei dos quilombolas, a criação da primeira secretaria de negros em um partido brasileiro (PDT), a defesa intrasigente de sua raça em todas as esferas (parlamentar, acadêmica e cultural) e a sua representatividade para o povo negro (foi o primeiro senador negro do país), fazem dele figura maior para a causa do povo negro e brasileiro.

Em tempos de Bolsonaros da vida que ganham destaque dia após dia na mídia, é extremamente saudável lembrarmos em memória, nomes como o de Abdias de Nascimento, que foi oló na data de hoje. 

TUDO COMO ANTES (OU SERIA PIOR)

Alguns amigos botafoguenses, virtuais e reais, acham que sou bastante Poliana com relação ao Botafogo. Que meu otimismo e crença no Botafogo são exagerados. Infelizmente, o motor da minha paixão pelo Botafogo é a defesa intransigente das suas cores, sua tradição, além do time em campo e vou defender ele com unhas e dentes, como uma mãe faz com seu filho.

Além disso não vou ficar batendo palma para maluco dançar. Nunca vi time jogar melhor depois de ouvir vaias no estádio e nunca vi jogador entrar em campo com mais vontade depois de ser pressionado pela torcida em treino. Logo, essa não é a minha.

Críticas ao time e a diretoria, sempre as faço, imparcialmente. Desde que isso não atrapalhe o rendimento do time em campo e o ambiente na concentração. Não aprovo a atuação da nossa Diretoria, nesse período de 1 mês sem jogos e sem reforços para a equipe. Porém, acho desproporcional, toda a gritaria que a torcida fez por conta da falta de reforços. Posso não entender nada de futebol, mas de ser humano entendo bastante. Duvido que alguma equipe fique feliz e motivada em saber que ninguém acredita nela e que a torcida ache que sem reforços, necessariamente, essa equipe será rebaixada.

O time parece ser bem fraco para a disputa do Campeonato Brasileiro, porém as baixas que tivemos na equipe da campanha, porque não dizer vitoriosa, do ano passado foram poucas e todas, excluindo o Renato Cajá, avalizadas pela torcida: Lúcio Flávio, Leandro Guerreiro, Fahel, Marcelo Cordeiro, Jóbson. Por isso fico bastante descontente com diretoria e comissão técnica que caem no canto da torcida. Torcedor é paixão. Quem comanda uma equipe, seja na beirada do campo ou nos bastidores, tem que usar a razão. E o tempo provou que a torcida estava errada, a situação não melhorou com as saídas pedidas. Muito pelo contrário, parece estar bem pior.

Alguns irão argumentar comigo que a reposição foi mal feita. E eu, obviamente, hei de concordar. Mas não era isso que eu ouvia nas arquibancadas do Engenhão. Ninguém queria saber se viria alguém melhor para o lugar ou se tinha alguém no elenco capaz de suprir a ausência. O lance era Fora Lúcio Flávio, Fora Leandro Guerreiro, etc. Doa a quem doer. E estamos sofrendo essa dor.

A corneta é sempre livre, apesar de eu detestá-la. E torcedor que vai para campo tem o direito de pedir e gritar o que quiser. O maior erro de qualquer Diretoria, é achar que a voz do povo é a voz de deus.

E a corneta sempre soa mais alto para as bandas de General Severiano. Outros times grandes Brasil afora, não contratam a despeito do péssimo começo de temporada e não vejo a corneta soar tão alto. Casos de Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, entre outros.


COMEÇOU O QUE INTERESSA

O Campeonato Brasileiro começou. Bem mais ou menos, diga-se de passagem. Com os times sendo remodelados, outros sendo poupados. Digamos que começou com 30, 40% da sua capacidade. E ainda bem que começa assim, pelo menos para o Botafogo F.R.

Explico.

Não acho que o Botafogo, hoje por hoje, tenha um dos piores elencos do país .Não sou daqueles arautos do apocalipse dizendo que o Botafogo tem time para ser rebaixado. Não consigo compreender esses especialistas de meia-tijela que podem colocar Atlético-GO, América-MG, Figueirense (que nem as finais do Catarinense chegou), Avaí, Bahia (que não chegou na final do Baiano), Atlético-PR como times potencialmente melhores que o Botafogo.

O problema, que no nosso caso é orgulho, é que nenhum desses times tem o tamanho do Botafogo e isso é diretamente proporcional a pressão que o nosso time sofrerá tanto da torcida, como da mídia especializada com uma campanha claudicante no começo do campeonato.

Porém entendo que a tabela, em tese, favorece o Fogão. Inclusive na primeira rodada, contra o desfigurado e pressionado Palmeiras, onde quase arrancamos um empate fora de casa, jogando pouco ou quase nada. Falarei sobre isso em outro post. Coritiba, Santos e Ceará envolvidos em outra competição (ou sofrendo uma ressaca pós-eliminação); além de um Grêmio pressionado e onde Renato Gaúcho vem sendo fritado, podem ser a nossa tábua de salvação para evitarmos que frequentemos a parte debaixo da tabela, antes de possíveis reforços chegarem e/ou os demais titulares voltarem.

Sonho de consumo


O problema é o time do Botafogo, e em especial sua comissão técnica, terem esse senso de de oportunidade. Boa estratégia para esses primeiros jogos é fundamental, ler o campeonato e enxergar as potencialidades da tabela é fundamental para nos darmos bem. Entender em qual patamar estaremos disputando essas primeiras rodadas também. Nem se descabelar com algumas derrotas e nem achar quer estamos mandando bem com algumas vitórias. Prudência e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.





sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS GRANDES TROPEÇOS

Não acredito em nenhuma explicação metafísica para explicar algo que acontece no futebol. Alguns vão acreditar que a semana extremamente pertubadora para a maioria dos 12 grandes clubes do país (os 4 do RJ, os 4 de SP, os 2 de MG e os 2 do RS) tem algo de complô nos céus contra o futebol brasileiro, outros vão acreditar que por conta da briga no clube dos 13, Fábio Koff amarrou o nome de todos esses clubes na boca do sapo. Eu não acredito em nada disso, e raramente, também acredito em coincidências.

Logo, tento entender porque numa mesma semana Fluminense, Gremio, Cruzeiro e Internacional foram eliminados precocemente da Libertadores, além das derrotas inesperadas de Palmeiras (pela elasticidade do placar) e Flamengo (por estar jogando em casa).

Acho que analisando os 6 times e tentando encontrar algo comum entre eles, só vejo uma resposta:  o ingrato calendário do futebol brasileiro. Todos os 6 times citados fizeram, no final de semana, jogos da reta final dos seus respectivos campeonatos estaduais (finais ou semifinais). Coincindir a reta de chegada dos campeonatos estaduais com as fases mais agudas da Copa do Brasil e da Libertadores é um crime contra o futebol brasileiro e seus grandes clubes.

Podem dizer que o campeonato estadual é subalterno e que esses times deveriam priorizar a competição "mais importante". Não dá para ser assim. Esses times são gigantes do futebol brasileiro e quando entram em campo, tem que sempre pensar em ganhar, suas torcidas exigem isso e torcedor não consegue ter esse suposto equilíbrio que os comentaristas de TV exigem. Além de eu não considerar o Estadual, um torneio de menor expressão (competições centenárias e que aguçam a rivalidade que realmente importa, não podem e nem dever ser menosprezados). Por exemplo. ão tem como o Flamengo entrar numa final de campeonato contra o Vasco, seja qual for o campeonato, pensando no jogo da quarta-feira, seja ele da Copa do Brasil ou da Libertadores.

Qual é modelo ideal de calendário? Eu não tenho resposta certapara isso. Só sei que no meu modelo, os estaduais continuam existindo, o Brasileirão seria ao longo de todo o ano.

As eliminações dos times brasileiros na Libertadores também tem um outro componente que é o saltoaltismo dos times brasileiros quando enfrentam equipes dos países vizinhos, excluindo a Argentina. Temos por regra, acreditar que um time brasileiro contra qualquer time paraguaio, chileno, colombiano é sempre favorito. Da onde vem esse favoritismo? Não acompanhamos o resto do futebol sul-americano e estamos sempre achando que os demais times são formados por índios. Muito por culpa do oba-oba da nossa imprensa, que muitas vezes é anti-profissional e baseiam suas análises nesse conceito ultrapassado de menosprezo ao futebol do restante do continente.

Se a mídia e a torcida acreditam que os times brasileiros são sempre os favoritos, porque os jogadores e as comissões técnicas achariam diferente? Se o Fluminense olhasse mais para os resultados da 1ª fase (onde ele foi o 7º melhor 2º colocado) ao invés de olhar para o resultado do 1º jogo contra o Libertad (2º melhor 1º colocado), jamais entraria como favorito na peleja do Defensores del Chaco.





 

UMA CERVEJA PARA CHAMAR DE MINHA

Tem algumas modinhas que me deixam puto. Uma das que andam me irritando ultimamente é a das cervejas importadas e/ou artesanais. De uma hora para outra, o consumo desse tipo de cerveja explodiu, templos para apreciação destes líquidos preciosos foram criados e a quantidade de "especialistas" no assunto não para de aumentar. A ponto de já concorrerem com os chatos entendedores de vinhos.

Confesso que já experimentei e não me negaria a apreciar de novo algumas dessas Franziskaners ou Paulaners da vida. Meu problema não é com elas, e sim com o culto gerado em torno delas. Por isso se me perguntarem qual é a minha cerveja favorita, respondo sem pestanejar: Brahma, a nº1. E se alguém retrucar com um "tô falando sério", periga levar uma bordoada.

Não bebo cerveja para degustar, para apreciar, para saborear. Bebo cerveja em escala industrial, logo como não sou o Eike Batista, não tenho como lançar mão do meu suado dinheirinho para me embebedar com cervejas que custam 5, 10, 20 vezes mais do que as mais populares.

Todo bom frequentador dos botequins mais vagabundos tem a sua cerveja de fé, aquela para quando o garçom perguntar: "vão querer o quê?", a resposta já está na ponta da língua. Mesmo sabendo que as cervejas da Ambev são muito parecidas, a escolha da cerveja de fé não é qualquer coisa, é uma escolha de vida e diz muito sobre a pessoa.

E a minha escolha, mesmo sabendo que fui influenciado pelos grandes marqueteiros, é a nº 1. O número 1 que o Romário, gênio da grande área, fazia com o dedo indicador quando marcava seus gols. A brahminha do Zeca Pagodinho, esse brasileiro nato, representante de todos que queriam apenas levar a vida boa com a cervejinha do lado e acima de tudo botafoguense com muito orgulho.



Romário com a Copa do Mundo e fazendo o nº 1 da Brahma

Como sou um cara democrático, posso beber qualquer cerveja que a mesa do bar escolher. Mas se a escolha ficar por minha conta, a Brahma gelada é o que vai pintar na mesa.
Zeca e suas brahminhas

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O APEQUENAMENTO DO VASCO

Não tenho a necessidade de comentar o título do Flamengo. Incontestável e com todos os méritos. Ganhou os dois turnos, não perdeu de ninguém, jogou com o regulamento debaixo do braço e mereceu levar.

O fato mais relevante na tarde de domingo quando Thiago Neves converteu o 3º penalti rubro-negro é a constatação que o Clube de Regatas Vasco da Gama, o outrora poderoso Vascão da Colina Histórica, está cada vez mais diminuindo de tamanho. E a sua torcida, seus sócios, seus dirigentes precisam fazer alguma coisa.

O Vasco não virou um time pequeno, óbvio que não. O Vasco tem história, peso na camisa e torcida de um gigante do futebol brasileiro. Mas não tem feito valer isso dentro das quatro linhas, que logicamente é um reflexo daquilo que é feito fora delas.

A 6ª colocação no Campeonato Carioca revela muita coisa, mas não é só essa vergonhosa posição na tabela que me faz ter a convicção de que o processo de apequenamento segue, ao contrário do que a mídia apregoa sobre um suposto reerguimento do orgulho vascaíno. O que se passa no Vasco é um descolamento de um time com a sua história, com o seu DNA. O Vasco é o time da virada, o time das lutas inglórias, o time que bancou os negros no futebol, que ousou desafiar o poderio da Rede Globo, a torcida que quando eu era garoto, fazia frente a torcida do Flamengo mesmo sendo bem menor.


Detalhe da bela camisa negra do Vasco contra o racismo

O Vasco de hoje não é isso. O Vasco de hoje já não acredita que pode ganhar do Flamengo (calma vascaínos, o dia da zica vai acabar, eu como bom botafoguense sei disso, mas a torcida tem que acreditar nisso), o Vasco de hoje é um time com apoio da mídia, mas é o apoio para cumprir um papel subserviente no cenário do futebol brasileiro. O Vasco de hoje precisa descobrir contra o quê lutar, e na minha opinião, essa luta começa com os dragões internos.

Aqui neste espaço, não sou defensor de nenhuma das forças políticas do clube cruzmaltino que brigam defendendo, cada um, o novo e o velho Vasco. Até porque muito dos 08 anos de jejum foram na admnistração de Eurico Miranda. Logo, o que venho aqui dizer é que alguma coisa mudou no panorama da torcida cruzmaltina,e não foi para melhor, e só ela pode ser capaz de reverter esse processo.


O Vasco campeão brasileiro quando ousou desafiar a Globo
Quando eu era moleque, o Vasco era o time temido, o time pelo qual eu nutria a maior antipatia, afinal na maioria das vezes ganhava do meu Botafogo, além de ter sido o papa-tudo da década de 90 em terras cariocas. Com dois brilhantes esquadrões que reinaram nos gramados, um no nível regional e outro em âmbito nacional e internacional. O tricampeão carioca (92-93-94) e o duas vezes campeão brasileiro, campeão da Libertadores e do Mundial (97 até 2000). Apesar de achar que essa fase, dificilmente, se repetirá no médio prazo, é por causa dela, da imensa torcida (hoje não tão feliz) e da sua relevância para a história do futebol brasileiro que o Vasco será imortal.

O 1º grande time que eu vi do Vasco: Bismarck e Edmundo